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30 outubro 2013

Rota do Açúcar 1



Foi no sábado, dia 19, que respondemos ao convite da Fátima Alves e do António Paulino, no contexto do “Sempre a Descer” / SaD, e fomos passear por alguns dos mais belos jardins e miradouros de Lisboa.

Esta foi só a “primeira caminhada da rota do açúcar”.

O convite foi muito correspondido, e como nós, marcaram presença cerca de cem (100) amigos e companheiros.

O ponto de encontro foi na pastelaria “Versailles”, às 8,30 horas.

Foi boa a hora marcada, já que simultaneamente nos obrigou a “saltar” da cama bem cedinho e permitiu a todos quantos o desejaram tomar um pequeno-almoço na emblemática pastelaria da Av. da República, nº 15-A.

A história desta, quase centenária casa de chá / pastelaria (inaugurada em Novembro de 1922), foi-nos divulgada pelo ilustre bibliotecário e documentarista CARLOS MENDES, que teve a oportunidade de no-la transmitir – quando pouco depois – nos reunimos junto ao lago artificial do Jardim Amália Rodrigues, no “Alto do Parque”.

O edifício onde está instalada possui um estilo arquitectónico art noveau. É um prédio “elegantíssimo”, mas a que não foi atribuído o renomado prémio Valmor, tendo todavia sido classificado como imóvel de interesse público, em Fevereiro de 2007, pelo Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGPAA).

A sua decoração interior é muito requintada, destacando-se os espelhos, os lustres, os estuques artísticos, pormenores em art noveau, e o chão de mármore em xadrez, que é o primitivo, apesar dos vários restauros a que o estabelecimento foi submetido, o último dos quais há cerca de quatro anos.

Os seus empregados vestem com rigor, “rodeados” de extensos aventais brancos, e atendem de forma impecável e simpática.
Nesta casa de chá / café, e agora também restaurante, destacam-se os chocolates quentes e a pastelaria de qualidade, como os bolos “Vává” (como se refere no blogue dos organizadores do evento: SEMPRE A DESCER. COME).
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Depois das “explicações” do companheiro CARLOS MENDES sobre a “Versailles”, deslocamo-nos mais para o centro do Jardim do Alto do Parque, para “espreitarmos” LISBOA, o Castelo de S. Jorge, o Rio Tejo, e outros panoramas magníficos.

“Pena” foi que o céu se encontrasse um pouco nublado, o que não nos permitiu admirar a Serra da Arrábida, o que – com céu claro – é possível, como nos assinalou a especialista em paisagens, a Senhora Arquitecta paisagista ANA FIGUEIREDO.
Esta Senhora Arquitecta falou-nos sumariamente da história daquele lindo Jardim, enfatizando a intervenção criadora do mesmo, em 1996, pelo “histórico” Arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles.

Ficámos a saber que o Jardim se chama agora (desde 2000) Jardim Amália Rodrigues, para homenagear esta singular e muito importante fadista; que na “construção” do Jardim se pretendeu salvaguardar a “ondulação” do terreno e se deu primazia à plantação das espécies arbóreas autóctones, assim como à plantação de arbustos e plantas.

O número de espécies arbóreas e florais não é muito elevado, como também não é grande o seu conjunto.

O Arquitecto Ribeiro Telles utilizou muito o granito cinzento, para suportar os canteiros, efectuar pequenos muretes e limitar os caminhos, em calçada à portuguesa.

A sua ideia inicial, que era estabelecer uma ligação entre Lisboa e Monsanto, foi recentemente concretizada, mediante uma passagem em viaduto sobre a Rua Marquês da Fronteira, passagem que serve quem quer passear, a pé ou de bicicleta, desde o Parque Eduardo VII e o Parque Florestal de Monsanto.

Virado para o Parque Eduardo VII e Lisboa, foi construído um anfiteatro, com aproveitamento do desnível já existente, tendo sido também colocados bancos metálicos sem encosto, para neles se sentarem os mais fatigados, sem perder a visão acima referida.
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Descemos depois para o Parque Eduardo VII.

Reunimo-nos junto do anfiteatro que se encontra junto do “velhinho” e degradado Pavilhão dos Desportos, depois Pavilhão Carlos Lopes, em homenagem ao nosso inesquecível campeão olímpico de atletismo.

Aqui, neste local, a Senhora Arquitecta ANA FIGUEIREDO comentou a história do Parque Eduardo VII, referindo que assim se chamava a partir da visita a Portugal daquele monarca do Reino Unido.

O Parque chamava-se antes PASSEIO PÚBLICO, e prolongava a Avenida da Liberdade.

Nessa época era frequentado pelas famílias da alta sociedade “alfacinha”.

O Parque Eduardo VII, contrariamente ao Jardim Amália Rodrigues, não teve na sua origem as preocupações do Arquitecto Ribeiro Telles, razão por que as espécies ali plantadas não têm forçosamente origem indígena, e o número de árvores que ali existem é muito mais elevado.

A Senhora Arquitecta falou-nos de um propósito, que chegou a existir, de prolongar a Avenida da Liberdade através do Parque Eduardo VII, projecto que – dizemos nós – felizmente não se concretizou.

Foi interessantíssimo o relato que a Senhora Arquitecta ANA FIGUEIREDO produziu sobre o Parque Eduardo VII, a sua história e as suas características.
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Continuámos a “DESCER” até ao Parque Mayer.

Aqui mais uma paragem e novos e interessantes comentários da Senhora Arquitecta ANA FIGUEIREDO, ali ao lado do Teatro Capitólio, quase completamente restaurado.
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Fomos depois para a colina de Sant’Ana, para visitar o Jardim do Torel.

Para lá chegarmos, tivemos de subir a partir do Largo da Anunciada, ali bem perto da Avenida da Liberdade e dos Restauradores.

A maioria dos “passeantes” subiu à colina a pé: foi uma subida de mais de 100 metros.

Nós fomos no “velhinho” e histórico elevador do Lavra; é o elevador (funicular) mais antigo de Lisboa; inaugurado em 1884, foi classificado como Monumento Nacional em 19 de Fevereiro de 2002.

Ia “cheio” de turistas.

No Jardim do Torel, a Senhora Arquitecta ANA FIGUEIREDO reatou os seus relatos interessantíssimos.

O Jardim era propriedade do Palácio onde esteve instalada a Polícia Judiciária, que disponibilizou o Jardim ao Público, e “desenvolve-se” por acentuada inclinação e “patamares”.
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O passeio já se prolongava.

Era preciso acelerar.

Ainda teríamos de subir ao Arco da Rua Augusta, para admirar um espectacular panorama sobre a Baixa Pombalina, com vistas para a SÉ, o CARMO, o CASTELO DE S. JORGE, e outros magníficos aspectos desta nossa cidade de Lisboa.
Foi LINDO, LINDO!
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A “barriga estava a dar horas”.

Havia que “correr” para a CASA DO ALENTEJO, onde nos iria ser servido o almoço.

Nas Portas de Santa Antão, perto do Rossio, fica o Palácio Mourisco, onde está instalada a CASA DO ALENTEJO, quase centenária.

Tudo ali é bonito!

Passámos pelo lindo pátio do piso térreo, e no 1º piso, numa das grandes salas, ricamente decoradas com espelhos, azulejos e outras preciosidades, lá estavam as mesas redondas, onde nos foi servido um opíparo almoço.

Comemos bem e cavaqueamos melhor!

Já eram quase quatro horas da tarde quando, uns após outros, fomos saindo.

Tinha terminado um dia muito bem passado e passeado, acompanhados dos especialistas CARLOS MENDES e ANA FIGUEIREDO.

OBRIGADOS FÁTIMA, PAULINO e outros que os coadjuvaram nesta brilhante iniciativa!

VENHA AGORA A Rota do Açúcar 2!

Cá ficamos à espera.

Aos nossos companheiros de passeio, lançamos um desafio:

- Comentem e critiquem este nosso relato, seguramente muito incompleto e com muitos lapsos, erros e omissões.


(Fotos nossas)





1 comentário:

fatimalves disse...

obrigado! Vamos tratar de inventar novos percursos para esta Rota doce já a partir de janeiro!